terça-feira, 18 de março de 2008

Mais um motim

Os alunos falaram de todas as suas insatisfações político-pedagógico-metodológico-literário-ético-conceituais ao meu curso, e escutei-os pacientemente por quase uma hora. Justificava serenamente cada atitude questionada. Ao fim, disse, puxa, sabiam que eu não esperava mais um motim na terceira aula, como foi no ano passado?

Eles riram, depois me disseram que a idéia de um motim quebrou o gelo.

Eu me perguntei por que ando indiferente, vendo a classe em polvorosa e enxergando "mais um motim de terceira aula". Sei que ao final vão fazer bons trabalhos e me agradecer, parte envergonhados, parte a contragosto. Essa serenidade, é coisa boa? Ou envelheci?

Mas por que o motim?, me perguntaram as amigas. Bem, em parte sem razão, pois apenas apresentei o curso na primeira aula, discuti um conto de Clarice na segunda e pedi que eles escrevessem uma apresentação pessoal no site para a terceira aula. Aí o motim, às nove da manhã de sexta-feira, aproximadamente.

Em parte, cobertos de razão. Como é que alguém vem e diz que a língua é um instrumento de comunicação, e que a sala de aula pode ser rica, e que eles vão escrever textos bárbaros ao fim do semestre, logo agora no final do curso quando já acreditavam não poder fazer nada, não confiar em ninguém.

Portanto falei coisas indignas. Sem querer abusar da Clarice, tirei a terceira perna e esbravejaram. No conto estudado, uma menina tem uma epifania - cada vez mais detesto essa palavra, o que ela teve em português foi um puta enjôo - por que descobre que o professor acreditou nas tolices dela.

Não foi uma epifania, foi mais um motim mesmo, com líderes de nariz em pé e seguidores mais e menos confiantes. Mas acho que foi como no conto, eu disse que ia acreditar em suas tolices.

sábado, 1 de março de 2008

Professor tem que explicar bem

... mas às vezes eu esqueço disso. Desta vez expliquei direito na primeira aula o que vou fazer ao longo do semestre, e acho que poupei um bom tempo e muitos problemas com isso.
O estranho é que não é simples você dizer o que vai fazer. Precisei de alguns anos para isso. Depois choveram alunos no intervalo com idéias para os projetos, acho que acertei. Será que esse ano não tem motim??

O processo por plágio continua, já está uma pasta pesada. Impressionante como a burocracia universitária, como um Midas reverso, consegue transformar um plágio documentado em um importúnio ao professor.