segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Sucesso de crítica e público!

Disse minha sobrinha: "eu assisti e adorei!" Então fui consagrada por esse estrondoso sucesso de público e crítica, internacional ainda por cima. Veja em http://www.teatroparaalguem.com.br/casa.

Mas duas coisas me impressionaram nessa experiência de ver um conto meu representado no teatro. A primeira, a interpretação de Priscila Gontijo, que cria um novo personagem baseado na lembrança que tenho do meu pai. Aquele diálogo que tive com meu pai, anos atrás, registrado no papel, vira uma outra coisa ali no palco. Que é meu pai mas ao mesmo tempo é um pai geral que "nunca fez um elogio rasgado" mas que encontra na filha uma interlocutora. A direção da Renata também foi muito bacana, mas não foi surpresa: eu já tinha visto ela em ação em "O Vatapum", breve no YouTube.

A outra coisa que me surpreendeu, me deixou feliz mesmo, foi a conversa pós-peça com José Pinheiro, o Lucas do Estadão e quem mais se sentou à mesa de jantar para ficar papeando. Pois falamos de tudo: de cultura, de inserção social, de novos meios, de pedagogia, dos jovens, do financiamento das artes, de tudo mesmo. Se aquilo não foi uma sala de aula, não sei o que seja.

A uma certa altura a Priscila conta o que faz nos Céus, traz livros, referências. Traz Dostoievski e Caio Fernando Abreu. Distribui, pede que escolham, trabalha em cima, os alunos adoram. "Por que me dizem para não impor minhas referências?" Ela perguntou querendo saber mesmo, querendo a opinião da roda. Eu contei que era a pedagogia moderna mal compreendida, do respeito às referências do aluno se passou sem pensar à imobilidade docente. "Mas não lute contra," aconselhei. "Faça seu trabalho que é correto e deixe essa discussão de lado, pois a batalha é inglória."

Mas não contei que meu pai trazia livros grandes e pesados, subia as escadas da Belas Artes arfando para mostrar aos alunos. Pois ela havia interpretado o meu pai, então ele já estava ali de tantas formas que seria até exagero.

O "Teatro para Alguém", para mim, ficou como um espaço de reflexão e de produção simples, sem frescura, de significados, um lugar para dar vida às coisas. Precisa se financiar, claro, mas precisa também manter essa coisa simples, sem burocracia, de criar textos, chamar gente, criar sentidos. Fazer acontecer. Um palco na casa e uma conexão na internet.

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